segunda-feira, 26 de setembro de 2011

Tripulantes contam suas experiências em alto-mar












terça-feira, 17 de maio de 2011


Caroline Menezes



Durante o ano todo centenas de navios, cargueiros e transatlânticos, saem do Porto de Santos rumo aos mais variados destinos do mundo. Dentro de cargueiros, mercadorias que movem a economia do país. Já dentro de transatlânticos, centenas de pessoas partem a trabalho e voltam cheias de experiências adquiridas em alto-mar, e histórias interessantes, além de planos que não estavam previstos para a vida pessoal.

Janaina Andrade, cantora profissional desde os sete anos, conta que a oportunidade de trabalhar em navios surgiu por indicação de uma amiga que conhecia um músico e precisava de uma cantora.

Após aceitar o convite, Janaina viajou para diversos países como Argentina, Uruguai, Inglaterra, Portugal, Marrocos, Itália, Espanha e Cabo Verde. A cantora conta que também fez trabalhos no Sul, Sudeste e Nordeste do país. “Cantar em navios é igual cantar em barzinhos da cidade. O que é mais vantajoso é que você dorme no andar de baixo. Dorme em uma cidade e acorda em outra”.

Assim como Janaina, Priscila Suzuki Chinen, cantora e DJ, começou a trabalhar em alto-mar a convite de um amigo e viajou para vários lugares mostrando seu trabalho aos hóspedes do navio. “Pra mim foi uma experiência maravilhosa, porque pude mostrar o meu dom e o que eu mais gosto e amo fazer que é cantar. Também tive oportunidade de conhecer pessoas maravilhosas nas duas temporadas em que trabalhei.”

Outro tripulante que voltou cheio de experiências e histórias foi o fotógrafo Diogo Dias Lopes. Apesar de algumas dificuldades encontradas no começo, Diogo conta que além de ter conhecido muitos países se divertia fazendo seu trabalho. "O trabalho de acompanhar grupos por si só já era uma grande diversão”.

Porém não são só pessoas com profissões definidas que trabalham em navios. Rebeca Aragão, 19 anos, trabalhou na área de assistente de cabine e garante que apesar do serviço ser de 12 horas e de “domingo a domingo” também teve a oportunidade de conhecer muitos países e aprender muitas coisas lá dentro. “Conheci muitos lugares. No Brasil, o nordeste, Rio de Janeiro. Fora do país conheci a Argentina, Uruguai e alguns lugares da Europa, como, Itália, Grécia, Croácia, Espanha e Portugal.”

Responsabilidade, valorizar as coisas, aperfeiçoamento do inglês e um pouco de italiano, foram algumas das coisas que a jovem também aprendeu.

Após alguns meses embarcados, histórias de gêneros diversificados e aprendizados que valem para qualquer lugar e para a vida toda não faltaram.

Janaina conta, por exemplo, que ficou chocada quando soube que existe um compartimento no navio em que são colocadas as pessoas mortas. Também ouviu histórias de pessoas que ficaram embarcadas durante dois anos diretos para ganhar dinheiro e conseguir mudar de vida.

Os planos da cantora também sofreram algumas alterações durante as viagens que fez. Após conhecer e começar a namorar um rapaz no navio, agora ela está planejando casar. “Quando você namora seriamente começa a pensar nessas coisas, não é?”, completa Janaina.

Outras histórias, mais sérias, são relatadas por trabalhadores em alto-mar. “Estive no navio onde uma tripulante morreu”, diz Diogo, que também acrescenta que uma vez enfrentou uma tempestade muito forte e o transporte do píer de atracação ao navio teve de ser interrompido, em Punta Del Leste. Mas, outros fatos engraçados também marcaram as viagens, “Nos divertíamos com algumas perguntas absurdas dos hóspedes como ”Que horas é o buffet da meia noite?”.

Diogo, agora está com um projeto para lançar um livro com seus relatos, que também estão disponíveis no
site dele.

Tornar-se capaz de lidar melhor com as pessoas, aprender novos idiomas, culturas e hábitos diferentes, amizade verdadeira, tolerância à diferença e paciência são alguns dos aprendizados adquiridos após passar alguns meses trabalhando longe da família. Ter responsabilidade, focar no trabalho, saber guardar dinheiro, não confiar em todo mundo, cuidar da sua imagem e representar bem o seu país, são alertas deixados para aqueles que pretendem buscar uma aventura e experiência diferente trabalhando em alto-mar.

Hermanos ou inimigos: entenda essa relação

Hermanos ou inimigos: entenda essa relação

"Hermanos" ou inimigos? A rixa entre brasileiros e argentinos já virou assunto para muitas piadas, principalmente no futebol. A rivalidade entre ambos é antiga. Mas, com o tempo e com os países se desenvolvendo, essa inimizade foi diminuindo e hoje está restrita ao esporte. Não custa lembrar que, quando se fala em turismo, por exemplo, Buenos Aires é uma das cidades preferidas dos brasileiros. Afinal, eles são nossos vizinhos e nos aproximar deles pode ser um grande ganho para todos.

"No século XIX e início do XX, a falta de estrutura política e econômica do Brasil e da Argentina foi o motivo pela rivalidade. Portanto, a inimizade se devia à conjuntura das nações daquela época", afirma o professor de história Stevens Beringhs, de São Paulo.

Mas, segundo ele, a partir dos anos 1980, esse relacionamento foi melhorando. "O fortalecimento da democracia e o desenvolvimento econômico de cada um fizeram com que se criasse uma parceria entre eles, com acordos bilaterais em todos os campos."

Por isso, as brincadeiras e piadas estão hoje muito mais restritas em volta do esporte do que qualquer outro assunto. Beringhs destaca que essa rivalidade vem diminuindo gradativamente, à medida que os países se integram cada vez mais.

Personalidade

"Os argentinos são arrogantes." Ainda é comum ouvirmos frases como essa. "A Argentina é uma extensão dos impérios europeus, desenvolvendo uma cultura diferente da latino-americana", explica Beringhs. Mas isso não significa que todos são assim - nem que o jeito diferente deles seja, necessariamente, um sinal de arrogância. O professor afirma que algumas classes, principalmente a média, não compreendem a miscigenação brasileira e, por isso, alguns possuem ainda certo preconceito.

A estudante de medicina Cecília Sardenberg mora em Buenos Aires e afirma que essa “superioridade” está presente no pensamento argentino, devido aos costumes e educação bem distinta da América do Sul. "Mas eles expressam seus sentimentos de maneira tão ou mais efusiva que os brasileiros." Segundo ela, são divertidos, dóceis e abertos.

"Os portenhos, nascidos em Buenos Aires, são mais esnobes. Os outros argentinos também os reconhecem assim", conta a publicitária Camila Braga, que namorou um argentino durante um ano e meio. Mas são muito carismáticos e adoram uma boa festa, assim como nós.

Além disso, sabem ser amigos. O turismólogo Diogo Lopes, de Santos (SP), morou por sete meses na Argentina e afirma que a amizade é a melhor qualidade deles. "Isso se traduz em pequenas coisas. Tomam um chimarrão para se aproximar, convidam os amigos para visitar sua casa e compartilham bons momentos."

Rixa

A rivalidade entre os países é muito mais forte em relação ao futebol. Mas, segundo Camila, essa rixa está mais presente do lado brasileiro do que do argentino. "Eles nos tratam bem melhor do que nós tratamos eles.

Para Lopes, essa rixa é como a que ocorre entre irmãos biológicos. "Apesar de tentarem superar um ao outro, sendo agressivos em algumas vezes, sabem que há entre eles uma característica que os une: o fato de pertencerem à América do Sul, um território em desenvolvimento econômico e com uma identidade muito forte."

Por isso, segundo o turismólogo, essa rivalidade é gerada principalmente pelos brasileiros, que potencializam a rixa no futebol. "É como uma briga de dois irmãos para demonstrar quem joga melhor." É uma guerra de egos para aumentar a autoestima. Lopes afirma que os argentinos, inclusive, têm muita admiração pelo Brasil.

Então, que tal você se desarmar e se surpreender com a cultura de pessoas que moram tão perto? Um povo que cativa pela amizade verdadeira, o jeito festeiro e, claro, as lindas paisagens e a deliciosa culinária.