Relato de Viagem
Mendoza e Córdova – Argentina 2016
Dia 01 – Sábado - 05/03/2016 – São
Paulo / Mendoza
Antes de sair do meu apartamento em São Paulo resolvi dar
aquela última olhada para ver se estava esquecendo algo. Bati o olho no boné de
cor bege que comprei na viagem de 2012 a Cuba, e não hesitei em escolhê-lo para
usá-lo naquela nova viagem.
A viagem entre São Paulo e Mendoza dura cerca de 3 horas. E
curiosamente o horário é o mesmo nos dois lugares. Ao nos aproximarmos do
momento do pouso já se podia ver no sobrevoo as vinícolas mendocinas.
Terminado os trâmites de desembarque no pequeno aeroporto
decidi ir de “remis” (tipo de táxi um pouco mais caro) até o hostel para o qual eu
tinha feito uma reserva.
Como não encontrei casa de câmbio, acordei com o taxista o
valor da corrida em US$ 10,00. No caminho conversei com o motorista buscando
informações sobre a cidade. Ele me lembrou sobre a festa da Vendímia (festa de
celebração à colheita da uva). A festa seria celebrada no período entre 4 e 8
de março e minha chegada ao dia 5 foi uma grande e maravilhosa coincidência. Troquei
alguns dólares pelo valor de 13,50 pesos, pois sabia que não seria tão fácil
encontrar casas de câmbio abertas em um sábado.
Ao chegar ao hostel
Alamo, uma bela casa localizada no centro, fui atendido pelo Max que me passou
as informações importantes sobre o hostel e me apresentou o quarto de número 2,
um dormitório cuadruple, ou seja, compartilhado com mais 4 pessoas. Valor de
180 pesos por dia, com café da manhã. Percebi que havia no hostel vários estrangeiros de várias nacionalidades
e a língua mais utilizada era o inglês.
Deixei meus pertences no quarto e logo resolvi partir para
explorar a cidade. Eram mais ou menos 16h. Cheguei à Praça da Independência e
vi dois ônibus turísticos do tipo “sightseeing”, aqueles que fazem um percurso
pelos principais atrativos turísticos locais, onde você pode descer e aguardar
a próxima parada. Em Mendoza aguardaria 1 hora.
Devido à festa da Vendímia os ônibus não estavam operando. O
passeio ficaria para o dia seguinte.
Continuei minha
caminhada de sábado observando a vida dos cidadãos locais. Vi que tinha umas
crianças chutando ao gol em uma atividade promocional. Eram promotores da cidade de Carlos
Paz, divulgando esse destino. Resolvi participar.
E ao conseguir chutar a bola e fazê-la passar pelas
barreiras, marquei o gol e recebi como prêmio,
quatro alfajores de pêra e uma camiseta de criança.
Como a cidade fica próxima a Córdoba, cidade para a qual eu
planejava viajar, quem sabe poderia conhecê-la. Por isso pedi umas dicas de
atrativos.
Alonguei um pouco mais a caminhada e me chamou a atenção os pequenos
canais que acompanham algumas ruas da cidade. Servem para irrigar as árvores da
cidade.
Logicamente guardada as devidas proporções percebi
semelhanças entre a cidade de Mendoza e a de Paris. Uma delas é a presença de
uma árvore que tem as folhas de bordo, aquela que serviu de inspiração para a
bandeira canadense.
Logo voltei para o hostel para descansar um pouco e explorar
as opções noturnas da cidade.
Percebi que não conseguiria comprar ingressos para a
primeira festa noturna da Vendímia quando seria eleita a rainha do ano. Achei melhor não me arriscar em ir até o
evento e tentar comprar ingressos com cambistas.
Optei pela dica de caminhar cerca de cinco quadras e chegar
a rua Aristídes Villanueva.
A temperatura era perfeita. Caminhei calmamente e logo
descobri uma cervejaria chamada Antares, fundada em Mar del Plata. Resolvi conhecer o local, já que estou
estudando o mundo cervejeiro para desenvolver roteiros turísticos em São Paulo
com essa temática.
Continuando o passeio by
night tomei outra cerveja no Johnny B. Good e voltando ao início da rua
conversava com garçons de um bar perguntando como era a receptividade das
mendocinas com relação a conversas com estranhos. Um deles disse que não são
abertas. O outro disse que ia me apresentar para um grupo. Fiquei um pouco
envergonhado mais topei.
Muito simpáticos e receptivos foi um bom momento para
conversar em espanhol.
Eram 5 moças e um rapaz. E a noite terminou quando o sol
raiava.
Dia 02 – Domingo - 06/03/2016 – Mendoza
Então, por volta das 11h, com a luz do sol penetrando pelo
fino tecido da cortina e com a cabeça pesando um pouco mais do que o normal,
acordei lembrando rapidamente que estava em Mendoza. O adormecimento do corpo
tinha que ser vencido pela vontade de aproveitar ao máximo cada momento. Carpe
diem!
Lembrei das possibilidades de programas para aquele dia e
como fazer para poder viabilizá-los.
Lembrei também que fora a noite que foi se estendendo, e rendeu
uma boa diversão, o motivo de eu passar mais uma noite em Mendoza antes de
cumprir com o objetivo de conhecer Córdoba era conhecer a festa da Vendímia.
Afinal, não podia desperdiçar a possibilidade casual que me fez conhecer Mendoza
justamente no final de semana do seu evento mais importante da cidade.
Lembrei ainda que tinham me dado uma ótima dica sobre onde eu
poderia encontrar ingressos para a Vendímia. E, por último lembrei do ônibus
“Sightesseing”, turístico, e calculei que com ele poderia conhecer a cidade sem muito esforço.
Tomei banho, dispensei o café, troquei algumas palavras com
os hóspedes do hostel e me informei com o Max-recepcionista, qual seria um
caminho para a oficina de Turismo da
cidade.
Caminhei até Av. San
Martin, o “libertador Argentino” e pedi orientações para chegar ao local
procurado. Ficava em um belo prédio. Logo, fui recebido por um solícito
guardinha que me vendeu o ingresso por 60 pesos. E, dobrando a esquina
encontrei a bilheteria para o ônibus turístico. O Tour começava ali mesmo. Tiro
na mosca. Não poderia ser mais certeiro!
Com os ingressos na mão e com o apetite aberto resolvi
aproveitar os 50 minutos para a chegada do próximo ônibus double deck rosa.
Atravessei a rua e logo estava na Peatonal
Sarmiento, rua de fluxo de pedestres.
Bati o olho em uma fonte de cor roxa. É claro que devia
simbolizar o vinho mendocino!
Mas não seria aquele o momento de tomar vinho pela primeira
vez...
Lembrei que ao parar com o grupo de meninas (melhor lembrar
assim, já que só tinha um rapaz) aproveitei com vontade os “doble drinks”, que
de par em par formaram meia dúzias de copos vazios.
Café! Era a bebida da vez. Vi uma cafeteria da marca
Havanna, argentina por sinal, e achei que seria ali que tomaria um bom café e
conseguiria me conectar virtualmente. Pedi o acompanhamento de uma tostada de jamón y queso e a senha da internet.
Enquanto postava as fotos, lembrava os detalhes dos momentos
do dia e tentava lembrar os acontecimentos da noite. E depois forrar o meu estômago com o
café-almoço pedido, a complementação seria um alfajor que daria a energia
necessária para poder realizar o passeio turístico de forma mais atenta.
Acabei tendo que me acomodar sentado em uma poltrona do piso
de baixo. Em cima estava lotado.
Esforcei meus neurônios para interpretar o roteiro no mapa
do passeio, que consulto neste momento, ainda bem conservado, e entender quais
seriam os locais mais interessantes para eu descer. Fiquei interessado pelo
Jardim Zoológico e o Estádio Malvinas Argentinas.
Para auxiliar minha decisão pedi a opinião da
guia/apresentadora (não posso afirmar que era uma guia de turismo) que
discursava em alguns momentos, passando informações complementares às da
gravação automática. Ela me recomendou parar na Fuente de los Continentes,
dentro do Parque General San Martin. Vale pesquisar a história desse personagem
histórico!
Achei que valia a pena acatar recomendação. Desci em frente
à fonte, memorizei o horário para saber a que horas passaria o próximo busão.
Apreciei um pouco a fonte ao sol do meio dia e meia. Resolvi caminhar.
Aluguei por 30 minutos uma bicicleta para explorar com menor
esforço e com maior abrangência tudo o que o parque poderia me mostrar. Estava ainda
de jaqueta esportiva e à medida que ia pedalando, mesmo que devagar, ia
esquentando o corpo.
Passei por estátuas, roseirais, um belo lago e pelo antigo Club
Mendoza de Regatas. Passei por pessoas se dedicando as atividades dominicais.
Cachorros, balões, corredores, árvores, plantas, crianças, casais foram objeto
para a minha câmera. Em alguns momentos fotografava em movimento, testando
minhas habilidades motoras e minha interação com a câmera. Tarefa difícil
quando não se está com todos os reflexos apurados.
O sol acompanhava meu percurso, calculado de forma a
conseguir chegar antes de meia hora de passeio. 30 pesos se não me engano.
Teria cerca de 25 minutos para esperar e bati um olho em um
banco verde que me convidava para sentar sem fazer nada além de beber água e
descansar. E assim fiquei até avistar o veículo que parecia a pantera cor de
rosa chegar.
Aproximamo-nos do zoológico e achei que não seria boa ideia
parar. Lembrei meus tempos de criança e da minha experiência mesmo como adulto
ao visitar zoológicos e associar à certeza de ter que andar por quilômetros
para conhecer o parque.
A apresentadora informou que faríamos o retorno abreviando o
percurso já que a via usada normalmente estava bloqueada para a festa da
Vendímia. Passamos pelo estádio e me mantive no ônibus. Olhei novamente no mapa
e percebi que o ônibus passaria pela na Praza Independencia, parada de número
12 das 17 previstas. Desci perto do hostel. Era por volta das 14h e o cansaço rapidamente tomava
conta do corpo. Iria para o hostel fazer uma siesta e quem sabe concluiria o
tour no final da tarde.
Fui diretamente para o quarto e tentei dormir. O corpo
estava cansado, porém a mente esperta, agitada. Por duas vezes peguei no sono,
mas acordei com alguém entrando no quarto.
Tomei um bom banho para ativar a circulação e me vesti de
maneira a estar pronto para o espetáculo noturno. Sabia que faria friozinho.
Calça era necessário. Camisa de estampa xadrez completaria o figurino.
Às 16:30 subi ao double deck para fazer o último trecho do
roteiro, no qual Parque Central e Acuario Municipal eram os destaques. Parei no
ponto final/partida para procurar por um restaurante para jantar.
Em um estabelecimento na Peatonal Sarmiento percebi algumas
pessoas assistindo a um jogo de futebol. Resolvi que seria ali que comeria
algo. O jogo era River e Boca. Pedi uma Andes, cerveja local, para me sentir
menos deslocado. E vi que tinham torcedores com a camisa dos dois times.
Fazendo uma análise, nesta viagem vi mais pessoas com a camisa do River do que
a do Boca, que dizem ser o time mais popular do país.
Queria pollo na brasa,
mas tive que me contentar com uma milanesa
napolitana com purê. Mesmo não estando aquela delícia me esforcei para não
deixar muito purê sobrando.
Saí com a barriga pesada e parei numa banca para me informar
sobre qual ônibus teria que tomar para o evento. Soube que teria que andar mais
uns 7 quarteirões. Isso poderia ajudar meu processo digestivo.
Descobri onde era o ponto ao ver uma fila de ônibus e uma
fila de pessoas. O transporte era gratuito.
Comprei um chiclete e embarquei. Ao
subir os degraus e ver a decoração em torno ao motorista cheio de bichinhos
pendurados soltei um sorriso espontâneo.
Em 15 minutos chegamos ao parque e a uma rua não asfaltada
que nos deixava perto ao anfiteatro grego Frank Romero Day. Tínhamos que
atravessar um viaduto de em formato curvo, o que provocava mais a imaginação.
Holofotes que apontavam luzes coloridas para o céu davam junto com o de uma
cantora de ópera ao fundo, todo o clima de “grande noite”.Pitoresco local! Meus assentos estavam no espaço Chardonnay.
Cada setor tinha o nome de uma uva. A entrada era no alto, ou seja, tínhamos
toda a vista anfiteatro, incrustrado no meio dos morros (cerros).
Uma cantora lírica local chamada Verónica Cangemi cantava
músicas famosas como Ave María e O Sole Mio e comentava sobre suas memórias sobre festa
da Vendímia desde quando frequentava em tempos de criança.
Um grande momento foi a interpretação de Bolero de Ravel
pela Orquestra Filarmônica de Mendoza. Assim como, Libertango, de Astor
Piazzola.
Estava sentado como 95% dos espectadores: no concreto. Tipo
“geral” do Maracanã antes da reforma para a Copa. Sem encosto. Não havia conforto. Mesmo assim aguardei um
tanto quanto impacientemente o início do espetáculo.
Não tinha muita noção do que iria ver. Mas fui aos poucos me
surpreendendo com a qualidade e a tecnologia da apresentação. Centenas de
atores-dançarinos iam interpretando a narração da história local em torno da
cultura da plantação da uva e do processo de produção desta bebida elegante,
saudável e respeitada que é o vinho.
Ricas projeções davam toda a cor e a força estética para a
apresentação. Simplesmente empolgante e envolvente.
Grande parte do público era de argentinos e participavam da
festa agitando bandeirolas argentinas, marcando os ritmos com palmas e cantando
as canções famosas. A dança gaúcha argentina mostrava a tradição e a
masculinidade do homem campesino.
A rainha da noite anterior foi reapresentada. O néctar dos
Deuses. Não era a maça proibida! Mas foi considerada a melhor das uvas!
Aquela capaz de prover o melhor vinho, com o mais belo tom,
o mais equilibrado bouquet e o mais
envolvente gosto. Um toque equilibrado que fez emitir aplausos da plateia e embriaguez
no Deus romano Baco. Ou melhor, como estamos em um anfiteatro grego, A Rainha,
acabou deixando o Deus Dionísio em estado de embriaguez, o que para ele não era
novidade.
Que festa!
E eu, apreciava tudo aquilo com uma garrafinha de água na
mão.
Com exceção do carnaval no Rio de Janeiro não lembro em ter
visto um espetáculo de igual magnitude. Fui pra casa, cansado, mas com a
certeza que valeu ter esperado por aquela noite.
Voltei de ônibus para o mesmo ponto de partida. Caminhei até
o hostel e coloquei o despertador para acordar cedo.
Dia 03 – Segunda-feira - 06/03/2016 –
Mendoza / Córdova
Tomei o café da manhã servido pelo hostel e paguei o valor de uma diária na recepção para
reservar um quarto privativo para minha prima Rafaela e seu marido, Luis. Eles
chegariam de Buenos Aires no dia 08. Luis foi participar de uma competição de
triátlon no domingo e eles aproveitarem alguns dias para conhecer a capital
argentina.
Mas era a minha hora de partir para Córdova. Tomei um táxi
para a rodoviária de onde havia algumas empresas que faziam a rota com preços
muito similares. Fui surpreendido ao perguntar sobre a previsão de duração da
viagem. Seriam 12 horas. Mas não haveria escolha.
Comprei a passagem com a empresa Cata e um vinho para ser
degustado durante a viagem. Afinal, não havia bebido a bebida pela qual Mendoza
é tão famosa.
O ônibus semi-cama
era confortável. Em viagens como essa a paciência é a alma do negócio.
Tranquilidade para dividir o tempo entre a contemplação das paisagens, pequenas
sonecas, filmes que eram apresentados no ônibus e goles de vinho direto da
garrafa.
Por boa parte do percurso os Andes estavam à esquerda. A
vegetação árida de um clima semi- desértico apresentava belas paisagens.O verde
predomina nesta época do ano.
A estrada quase sempre era reta e poucas vezes o caminho
passava por morros. Mendoza tem uma altitude de 746 metros. Córdova de 352
metros. Pouca variação. Passamos por alguns vilarejos e pela Villa Carlos Paz
que me chamou a atenção pela beleza do lago San Roque.
Ao chegar a rodoviária 30 minutos antes do horário previsto,
tomei um táxi para o Happy Hostel , que minha amiga cordovesa Luciana tinha me
indicado. Ao avisá-la pelo aplicativo Whats App que já tinha chegado ela me
disse que estava me esperando na rodoviária.
O simpático recepcionista alemão arrumou um local seguro
para eu deixar minha câmera fotográfica já que no meu quarto não havia um locker.
Aproveitando o momento em estava em Córdova (estranho
escrever assim, pois sempre falei Córdoba) a primeira bebida da noite não
poderia deixar de ser um fernet coca.
Chamava este drink de fernet cola,
mas fui corrigido por minha amiga Luciana, já que a bebida, de origem italiana,
é sempre misturada com coca cola.
Luciana chegou e me recebeu com muito carinho. Logo
começamos a conversar sobre nossas histórias de quando éramos tripulantes de
navios de cruzeiros. Tenho relatos escritos sobre esta maravilhosa experiência.
Ela lembrou do dia em que fomos recebidos em Santos pelo meu
amigo Tiago Pansani que nos levou até minha casa em Santos onde almoçamos com
meus pais e eu voltei dirigindo em alta velocidade para não chegarmos
atrasados. Falamos sobre nosso amigo em comum Gabriel Parreira, seu companheiro
de trabalho e meu cabin mate e várias
outros momentos inesquecíveis.
Começou a chover forte e hesitamos em sair do hostel. Ela
estava com muita fome. Então não pensei duas vezes ao ver um guarda-sol apoiado
na parede. Saímos no meio do temporal quando percebi pessoas rindo ao nos
ver. Acho que a naturalidade com que
tive aquela atitude mostra minha praticidade e criatividade em resolver os eventuais
problemas da vida.
O que importa é que protegidos da chuva ainda pudemos olhar
e escolher entre dois restaurantes.
Optamos por um deles e por pedir meia pizza com uma Quilmes Stout,
cerveja apropriada para aquela noite de temperatura amena e muita água caído do
céu. Conseguíamos ver a água passando em velocidade acelerada pela rua.
Tivemos mais bons momentos de memórias até que chegou a hora
de nos despedirmos. Luciana me deu boas
dicas do que poderia fazer no dia seguinte.
Como é bom poder viajar pelo mundo e rever bons amigos!!!
Dia 04 – Terça-feira - 07/03/2016 –
Córdova
Obviamente informação é tudo no que diz respeito a programar
um dia de viagem. Uns estabelecem o dia-a-dia com antecedência. Eu prefiro ter
uma pequena noção dos atrativos turísticos à disposição.
Porém, sabendo que a
“autenticidade” da viagem está muito além de tirar fotos nos lugares mais
conhecidos.
Assim, sabendo que teria pouco tempo em Córdova, decidi que
seria interessante conhecer dois locais: o museu do Chê Guevara e uma vila de
estilo inglês chamado Vila Belgrano.
Precisava em primeiro lugar fazer um câmbio e descobri que
para isso era só seguir a própria rua do hostel, a Independência, até o centro.
Logo percebi por que a esta é a segunda cidade mais populosa da Argentina, com
cerva de 1,3 milhão de habitantes. Ainda assim, pequena, se compararmos com as
maiores cidades brasileiras.
Dei uma parada na Nativo Viajes, agência indicada pelos
recepcionistas do Happy hostel para ver se haveria algum passeio que me interessasse.
Porém, nenhum para ver o Chê naquele dia. O atendente me apontou no mapa o
terminal de minibus de onde partiam
coletivos para Alta Gracia.
Continuei a caminhar até chegar a Catedral e ao Cabildo.
Lugares que só fotografei por fora. Tinha que manter o foco.
Achei uma casa de câmbio onde pagavam 15,25 pesos por dólar.
Foi o melhor câmbio da viagem! Troquei 300 doletas.
Dirigi-me então até o terminal e com facilidade encontrei
meu transporte. A medida que ia saindo da cidade percebi alguma semelhanças com
os subúrbios de Havana. O que me deixava mais animado em ir para o meu destino.
Percebendo que já estava em Alta Gracia pedi para que o conductor me avisasse o ponto onde
deveria parar. Próximo dali me chamou a atenção de uma estátua de um índio com arco
e flecha em posição de ataque. Era o símbolo do meu signo. Parei para tirar
foto e observar as características dos fortes traços no nativo.
não havia uma boa sinalização para chegar ao
museu tive que pedir um direcionamento. Muito residencial aquele local.
Calmamente fui caminhando pelo terreno acidentado observando as belas casas.
Ótima temperatura! Um gatinho miou para mim e atravessou a rua.
Ofereci uma bolacha
salgada, mas ele não aceitou. Brinquei um pouco com o felino e comecei a caminhar.
Ele me acompanhou por alguns metros, mas logo percebi seu olhar de receio em
sair de sua área.
Não faz mal, gatinho, você já fez seu papel ao me dar as
boas-vindas! Pensei...
Depois de alguns quarteirões avistei a casa do Chê.
Com meu boné cubano entrei na intimidade daquele que foi
considerado um dos maiores heróis da América Latina. Ernesto Guevara de la
Sierna, o Ernestito nasceu em Rosário, porém sua família mudou-se para Misiones
entre outros locais.
Porém Enestito tinha asma crônica e “um amigo da família
recomendou que fossem para Alta Gracia, uma estação de águas no sopé das
Sierras Chicas, perto de Córdoba. O lugarejo tinha um ótimo clima seco, ideal
para doentes das vias respiratórias.“ (http://professor-josimar.blogspot.com.br/2011/02/infancia-de-che-guevara.html)
Estamos falando dos anos 30. A família de Chê tinha boas
condições financeiras.
Contavam sobre seus tipos de brincadeiras
preferidas, sua facilidade e interesse nos estudos e sua personalidade meiga e
caridosa.
Seus ideais revolucionários logo aflorariam ao perceber as
injustiças que ocorriam na América.
Independentemente se ser argentino comprou a briga dos
cubanos que eram assolados por uma ditadura de Fulgêncio Batista. Como já
escrevi em relato anterior da minha viagem a Cuba, a ilha era o quintal de
diversões dos americanos. Analfabetismo e caos social assolavam o país.
Independentemente de ter convicções esquerdistas lutava
contra as injustiças no mundo. E essa, em minha opinião, é a sua maior
inspiração.
“... sean siempre capaces
de sentir en lo más hondo, cualquier injusticia cometida contra cualquiera em
cualquier parte del mundo. Es la cualidad más linda de un revolucionario! Carta aos seus filhos. Outubro de 1966.
Saindo do museu vi uma loja de souvenir onde resolvi comprar
umas coisinhas. Principalmente uma camisa para meu pai. Então fui almoçar. Comi
um belo filé de frango e quando acessava a internet vi o convite da Lucia,
amiga dos meus pais há anos, para que eu fosse jantar na sua casa. Ela tinha
visto minhas postagens do dia seguinte e descobriu que eu realmente eu fui a
Córdova. Topei o convite!
Elas disse que sua filha Camila passaria para me
buscar no hostel.
Caminhando de maneira agradável resolvi me dirigir ao
complexo jesuítico que havia visto quando chegava a Alta Gracia.
Na verdade aquele era o Museo Nacional Estancia Jesuítica de
Alta Gracia, Patrimônio da Humanidade. No complexo construído no século XVII
havia a residência dos jesuítas, a igreja e outras atividades produtivas nas
quais eram utilizados escravos negros.
Eles criarão o Colégio Máximo que veio a se tornar a
primeira universidade argentina.
No museu estão expostos objetos de grande importância que
evocam a vida cotidiana e a as formas de trabalho da antiga estância, além de
várias artes sacras. Era um lugar gostoso de visitar.
Logo ao sair vi uma lojinha de souvenirs onde resolvi
comprar um imã de geladeira para minha extensa coleção.
Logo me informei sobre onde deveria tomar o
ônibus para Córdova.
Ao chegar ainda dei uma boa caminhada no parque Sarmiento
antes de ir para o hostel e ficar conversando com um pessoal que estava de
bobeira por lá... Em Córdova e no hostel há muitos estudantes de diversas
partes da Argentina e do Mundo.
Tomei um banho e aguardei Camila.
No entanto quase uma hora depois do horário previsto ela
ainda não tinha chegado. Mandei uma mensagem para a Lucia perguntando se a sua
filha tinha se esquecido. A fome já tava batendo.
Reparei que em frente ao hostel havia uma moça olhando no
celular com cara de perdida. Perguntei se ela era Camila e assim encontrei com
ela.
Fomos de carro até a casa de sua mãe que aguardava com sua
outra irmã, Fernanda. Foi uma
satisfação ver a Lucia e cumprir com meu plano de
viajar a Córdova. Fui muito bem recebido e convidado a experimentar um drinque
aperitivo com um Cynar, suco de laranja e água com gás.
Diferente e gostoso!
Logo as empanadas feitas por Camila ficaram prontas e
iniciamos o jantar com ensalada, papas
e delicioso e macio matambre de cerdo.
Acompanhado obviamente de vinho. Uma delícia!
As meninas vibraram com a comida dizendo que eu deveria
aparecer mais vezes por lá, já que não estavam acostumadas com jantares
especiais como aquele. Compreensível, já que elas têm uma vida agitada entre
trabalho e estudos.
A conversa foi muito interessante e ao mesmo tempo
divertida. Falamos sobre política e as semelhanças e diferenças entre Brasil e
Argentina, neste momento de mudanças significativas em ambos os países. Sobre
acontecimentos históricos na Argentina e sobre temas polêmicos como a
legalização da maconha.
Sentia-me como em uma série de comédia ao vê-las em suas
discussões familiares nas ações corriqueiras, cotidianas. Enfim, me senti super
bem acolhido e querido.
Como eu comentei que ainda estava disposto a conhecer a
noite da cidade, Camila disse que poderia me acompanhar. Fernanda nos convidou
para darmos uma passadinha para conhecer sua casa e assim me despedi de Lucia.
A casa onde mora Fernanda é bem ampla e com decoração
alternativa com móveis antigos. Uma casa cheia de personalidade onde ficamos
por mais um tempo conversando.
Fomos então para o lugar que me haviam recomendado: Maria
Maria. Camila disse que não era o tipo de lugar que gostava de frequentar.
Comentou sobre o bar Pétalos de Sol, que ficava bem próximo.
Disse que
poderíamos passar por lá. Era um barzinho underground
onde tomamos uma cerveja da Pale Ale da marca Patagonia.
Voltamos à frente do Maria Maria e resolvemos entrar. Estava
lotado. Mal conseguíamos conversar, mas foi bom ter voltado a ouvir as músicas
que tocam nos boliches argentinos.
Terminamos a noite nos despedindo na Cañada, um canal que é uma grande referência da cidade.
Dia 05 – Quarta-feira - 08/03/2016 –
Córdova
O destino escolhido para este dia era a Villa General
Belgrano. Ouvi falar que era um local turístico que valia a pena conhecer.
Após o café da manhã arrumei minha bagagem e acertei minhas
contas no Happy Hostel. Só voltaria no começo da noite para buscar meus
pertences antes de viajar.
Cheguei a cogitar de voltar de avião, mas achei mais simples
tomar um ônibus noturno.
Então caminhei até a rodoviária para descobrir que Sierras
de Calamuchita era a companhia transportadora. Tive sorte em chegar bem próximo
ao horário de saída.
A viagem foi agradával. Chegamos à rodoviária onde havia um
guichê de informações turísticas.
Peguei um mapa e achei interessante poder
visitar uma fábrica de cervejas. Então caminhei até a rua principal e me
surpreendi em ver pouquíssimas pessoas na rua. A medida que via que muitas
lojas estavam fechadas desconfiei que não estavam abertos na baixa estação.
No entanto descobri que por ali adotavam a siesta, ou seja, fechavam em um
determinado horário e abriam por volta das 15 horas para descansarem e
retomarem suas atividades.
Como já estava com fome resolvi parar para almoçar. E como
estava em uma vila de tradição alemã, por quê não experimentar um prato típico?
Chucrute com linguiça!
Após a refeição continuei a caminhada e parei para um café.
O local lembrava Campos do Jordão devido às construções feitas com muita
madeira, que lembram as construções da Baviera, às lojas de chocolate, além de
toda a atmosfera serrana.
A cidade que tem menos de 10 mil habitantes está localizada
nas serras de Calamuchita. A vila organiza a famosa festa Oktoberfest. E é o
terceiro maior evento. Está atrás apenas de Munique e Blumenau (Brasil).
Os doces estavam presentes em várias lojas assim como as
cervejarias artesanais. Queria subir ao principal mirante da cidade, mas estava
fechado para manutenção. Optei por dar uma caminhada em direção aos arroyos (rios). Fiz um agradável passeio
passando por coníferas, avistando pássaros e contemplando os momentos de lazer
das pessoas que ali estavam.
Voltei a rua principal onde parei em um restaurante para
tomar vagarosamente uma cerveja frutada como digestivo. Percebi que a
circulação de pessoas aumentava e logo chegaram grupos de turistas.
Por voltas das 16:30 voltei para a rodoviária para retornar
a Córdova. Mais familiarizado com a cidade pedi para descer do ônibus em local mais
próximo ao hostel e assim tomei um banho, peguei minha bagagem e um táxi para a
rodoviária onde jantei uma massa que
estava bem ruim.
Comprei um imã de geladeira e logo estava bem acomodado no
ônibus que faria o percurso até Mendoza em cerca de 10 horas.
Dia 06 – Quinta-feira - 09/03/2016 –
Mendoza
Ao chegar à rodoviária de Mendoza peguei um táxi para o
hostel Alamo. Logo que cheguei encontrei minha prima Rafaela e seu marido,
Luis. Planejamos esse encontro na Argentina em uma conversa na viagem que fiz
para Curitiba para passar com eles a comemoração de réveillon. Felizmente deu
tudo certo e a satisfação em vê-los foi imensa.
Comentei que havia ouvido falar de um trem que iria de
Mendoza para uma região vinícola próxima.
Confirmei as informações com o
recepcionista do hostel e logo saímos para comprar os bilhetes do trem.
A estação ficava próxima e logo embarcamos no trem vermelho
da linha verde, com destino a Maipú, cidade da grande Mendoza.
A temperatura era agradável e a viagem não levou uma hora.
Logo, desembarcamos em Maipú e vimos um guichê de informações turísticas. O
atendente no informou pacientemente as opções de lazer da cidade e como
poderíamos chegar a esses lugares. Gostamos da opção de alugar bicicletas.
Caminhamos umas três quadras e encontramos a Vista Bike.
Saímos como três crianças a explorar um parque de diversões.
Só que uma das grandes brincadeiras era algo que as crianças não podem fazer:
beber vinhos. Então a primeira parada foi uma das vinícolas das Bodegas Lopéz,
fundada em 1898 por imigrantes espanhóis.
Tivemos a sorte de chegar justamente quando o tour de
apresentação estava iniciando. Uma charmosa monitora nos explicou sobre o
processo da produção de vinho e o posicionamento desta bodega que tem foco no
mercado argentino.
Prosseguimos nosso passeio ao avistar uma construção antiga
que nos despertou curiosidade. Também faziam uma visita monitorada para
mostrarem a maior barriga de vinho da região. Aquela bodega tinha sido
desativada na época da ditadura militar. Optamos por apenas comprar uma garrafa
de vinho e ficar conversando naquele ambiente aconchegante.
Era hora de almoçar então paramos em restaurante. Optei por
comer coelho ensopado. Luis pediu carneiro ensopado enquanto Rafaela ficou no
bife argentino. Queijo com doce de leite foi a sobremesa compartilhada.
Tínhamos que prosseguir! Retomamos a pedalada. Ficamos
sabendo sobre uma vinícola orgânica e fomos conferir. Saímos da avenida
principal e seguimos por uma via de terra com brita. Rafaela teve o pneu da sua
bicicleta furado. Mas continuamos mesmo assim.
Chegamos a vinícola da família Cecchin e fizemos um breve
tour. Provamos uvas tiradas diretamente do pé. No final compramos um vinho para
tomar em outra ocasião.
Tínhamos um último objetivo: visitar uma das fábricas de
azeite. Com um pouco de sacrifício Luis conduziu a bicicleta que tinha o pneu
furado para chegarmos à fábrica XXXX. Mais uma vez demos sorte, pois havia um
grupo de pessoas que acabara de iniciar uma visita monitorada na qual nos
inserimos.
Bem interessante!
Mas já era hora de retornarmos para entregarmos as bicicletas
e retornarmos a Mendoza novamente em trem.
Chegamos e demos uma descansada. Não consegui dormir como
estava querendo. Fui para a sala de estar do hostel onde comecei a conversar
com um senhor americano, o David. Também conheci o Abel, alpinista africano que
veio para Argentina especialmente para subir ao Acongágua, o maior pico do
hemisfério sul, com 6960 metros. O Luis e a Rafaela chegaram e ficamos
conversando com nossos novos amigos. Eu preparei um fernet-coca que poucos
costumam gostar ao provar pela primeira vez e abrimos o vinho comprado à tarde.
Após a conversa saímos para jantar. Levei-o aquela rua que
havia ido na minha primeira noite em Medoza, a Aristídes Villanueva. Ficamos um
pouco por alí e planejamos o passeio do dia seguinte.
Alugaríamos um carro para
explorar a região. Como estávamos cansados, optamos por voltar ao hostel e
descansar para mais um dia cheio de atividades.
Dia 07 – Sexta-feira - 10/03/2016 –
Mendoza
Ao encontrar o novo amigo americano David no café da manhã o
convidei para passar o dia conosco.
Ele tinha comprado um tour em vinícolas,
porém quando soube que o nosso plano era alugar um carro e explorar a região
ficou a animado. Enquanto ele tentava adiar seu passeio e enquanto a
Rafaela
arrumava as coisas eu e Luis fomos até a rua onde se concentram as locadoras.
Optamos por alugar um carro simples na Avis, pegamos uns
mapas e umas dicas com o atendente e fomos buscar nossos acompanhantes. David
conseguiu adiar o tour e por isso pode se juntar a nós.
Acordamos que a primeira parada seria na região de termas,
localizadas em Luján de Cuyo. Saímos da cidade e pegamos a estrada com um dia
lindo e ensolarado. Eu estava dirigindo e sentia a liberdade de mobilidade que
um carro pode proporcionar e a boa energia dos companheiros de passeio.
As paisagens eram belíssimas! Percebemos que o rio Mendoza
era uma grande referência no nosso passeio. Estávamos equipados com um GPS
também alugado para facilitar nossa chegada aos locais desejados.
Percebemos que o rio era belíssimo e que era utilizado para
passeios de rafting. Decidimos dar uma parada para contemplá-lo. Atravessamos
para o lado esquerdo da estrada quando vimos avisos que mostravam a presença de
um tipo de mirante. Entramos em uma área que havia uma corrente, como se fosse
um tipo de portaria. De repente apareceu um divertido palhaço que nos recebeu
com extremo humor e nos explicou que aquela era uma área privada e que
liberaria nossa entrada mediante o pagamento de alguns pesos.
Não nos incomodamos em pagar e ele então acionou uma
engenhoca que fez com que a corrente caísse liberando a passagem. O palhacinho
jogou um monte de balas dentro do carro. Achamos aquilo tudo muito criativo.
Estacionamos o carro e caminhamos rio acima para vislumbrar
a beleza paisagística e com uma água com um maravilhoso tom de verde claro. O
sol era ameno. Tiramos boas fotos e ficamos conversando por alguns minutos
antes de prosseguirmos nosso passeio.
Estávamos nos movendo em direção aos Andes Argentinos e logo
a estrada ficou mais sinuosa. Passamos pelo meio de altas formações rochosas
até chegarmos ao hotel Termas Cacheuta, conforme o gps nos indicava. Era um
lugar muito bem cuidado. Ao perguntarmos sobre o valor do day use percebemos
que aquele era um spa sofisticado. Não estávamos dispostos a pagar tanto e
também nem poderíamos já que não havia mais disponibilidade para aquele dia.
Fomos informados que se prosseguíssemos pela estrada
encontraríamos um local mais popular. Então voltamos ao carro e chegamos à
entrada das Termas de Cacheuta!
Estacionamos o carro e fomos atravessar uma ponte suspensa
com o objetivo de contemplar o local.
Parecia um cenário de filme de faroeste americano.
Então nos dirigimos à entrada do parque.
Logo estávamos relaxando nas piscinas de água quente. Umas
mais outras menos quentes. Ao gosto do cliente.
O parque é grande e possui uma área coberta e outra maior e descoberta.
O sol estava forte e ficamos por ali conversando até que ao ver um anúncio de
um dos bares do parque sugeri que poderíamos tomar cerveja artesanal.
Não queríamos ficar o dia todo no parque, pois ainda havia
muito a ser explorado. Tomamos uma cerveja de coloração avermelhada e voltamos
à estrada. Luis, meu copiloto, deu uma consultada no nosso mapa. Deixamos a
região das termas com destino a Lujan de Cuyo, que fica mais próximo à Mendoza.
No caminho estavam várias vinícolas famosas como a Norton.
Tentamos realizar uma visita nesta e não fomos bem sucedidos, pois já havia
passado o horário. Tivemos sucesso ao descobrirmos o Viñedos y Bodega Cabrini.
Ali, fizemos um tour gratuito com degustação e fomos muito bem atendidos. A
monitora nos explicou sobre a história do fundador Don Eliseo Cabrini, um
imigrante italiano que elegeu o distrito de Perdriel para cultiva o seu
primeiro vinhedo de malbec.
Compramos umas garrafinhas de vinho e decidimos voltar para
Mendoza. Rafaela e Luis tinham comprado as passagens para retornarem a Buenos Aires
de onde voltariam para Curitiba. Era uma pena! Comemos na rodoviária e tivemos
que nos despedir.
Foi muito legal estar com meus primos!
Voltei com David para o hostel. Ele sugeriu fazermos um
jantar. Por isso, fomos ao supermercado e compramos carne e alguns vegetais e
legumes. Eu mesmo preparei o jantar fazendo um misturado interessante que
rendeu vários elogios do David e do alpinista Abel.
Mesmo estando cansado sugeri ao David aproveitarmos para explorarmos
a noite em Mendoza.
Como nos indicaram havia uma grande concentração de bares
na Rua San Martín Sur. E pra lá fomos!
Entramos no bar temático Maldito Perro. Um bar de rock.
Gostamos bastante da decoração e do ambiente. Sugeri que David experimentasse
uma caipirinha, que mesmo realizado em estilo argentino representava a cultura brasileira.
Ele gostou bastante!
Tivemos mais alguns momentos de boa conversa antes de
voltarmos ao hostel para descansarmos. Mesmo cansado ainda prorrogaria a curtição
não fosse o respeito à idade do Mr. David sempre disposto.
Dia 08 – Sábado - 11/03/2016 –
Mendoza
Este foi meu último dia de viagem. Acordei cedo para
entregar o carro na locadora. David foi comigo. Eu dedicaria a manhã para fazer
as últimas compras. E depois de passarmos pelo cassino só para dar uma olhada
paramos em uma loja com artigos artesanais. Comprei um jogo de mesa americano e
um pano para cobrir o sofá. Este acabou ficando perfeito na sala da casa dos
meus pais em Santos.
Também passamos no supermercado onde comprei uma garrafinha
de fernet na sua nova versão “menta”.
Logo, paramos para almoçar. Estava feliz, certo de ter tido
uma viagem bem agradável, com experiências bem variadas e com os objetivos que
foram traçados cumpridos.
Por agradecimento e satisfação pela boa companhia de David
paguei o almoço. Ele ainda retornou comigo ao hostel para buscar minha bagagem
e encontrar um táxi que me levaria ao aeroporto.
Assim, nos despedimos com a esperança de que um dia
poderemos planejar uma nova viagem. Ele viaja muito! E ainda não conhece o
Brasil.
Ainda deu tempo de comprar um doce de leite e uma última
garrafa de vinho para levar ao Brasil.
Afinal, “se a Mendoza vino y no bebes vino... a que mierda
vino!?”