Nem todo o brasileiro gosta de futebol. Mas certamente todos
nós sabemos sobre a importância que o esporte tem na nossa sociedade.
Inicialmente jogado por trabalhadores das ferrovias inglesas ou por tripulantes
de navios, ele foi oficialmente introduzido no Brasil por Charles Muller. O
futebol ganhou notoriedade, tornou-se o esporte nacional e o mais popular em
todo o mundo.
Minhas memórias afetivas
Em uma das fotos mais antigas que
tenho estou no jardim da praia de Santos, ainda criança, com uma Logo comecei a brincar nas areias da praia
onde cresci jogando futebol. No ambiente praiano as condições climáticas ditam
a condição do futebol. Maré, umidade da areia, velocidade do vento e a
intensidade do sol fazem cada brincadeira ser única.
bola azul que
tinha a imagem de um patinho. Tive aquela bola por muitos anos.
Ainda quando pequeno, na ausência da “redonda”, a bola, a
criatividade era a maior aliada para aqueles que queriam “jogar futebol”.
Tampinhas de garrafa, latinhas, meias, papel, durex, eram exemplos de matéria
prima para a confecção da “bola”. E o jogo tomava novas formas como a “malha”,
o “três dentro e três fora”, o “lelezinho” e a “rebatida”. Em Santos, durante a
adolescência, criamos o “tablado” similar ao futevôlei, mas em campo reduzido,
com uma rede mais baixa e com a possibilidade de a bola tocar no chão. Meus
amigos se orgulham por termos criado essa brincadeira difundida a partir da
praia do Embaré, onde está o CPE (Centro de Paquera do Embaré), muito
frequentado por nós.

Meu tio Careca, nascido em Santos, foi jogador do extinto
Colorado de Curitiba e do Palmeiras, na época do grande Ademir Da Guia. E meu
pai foi jornalista, acompanhando o Santos F. C. em jogos amistosos nos Estados
Unidos e no Canadá.
Essa paixão e conhecimento sobre o futebol me aproximou do
esporte profissionalmente. Não como
jogador, e olha que muitos diziam que eu
teria futuro, mas de outras maneiras.
Trabalhando com o futebol
Dois anos antes da Copa do Mundo de 2014 já buscava essa
oportunidade e ingressei em uma empresa credenciada como vendedora exclusiva
pela FIFA dos ingressos de camarotes. Eu visitava representantes de grandes
empresas difundindo a ideia de que ao adquirir o acesso ao grande evento
mundial do ano a empresa estaria adquirindo, também, uma grande oportunidade de
promover o marketing de relacionamento, tanto com os seus clientes, como com os
fornecedores e com os seus colaboradores. Essa foi uma das minhas experiências
relacionadas ao turismo e vestido de terno e gravata. Tipo, um “executivo do
futebol”.
Mas melhor ainda foi me afastar da empresa e ver que poderia
voltar a atuar como guia de turismo e vivenciar o evento de outra maneira. A
grande dificuldade estaria em atuar como guia em São Paulo, pois não tinha
experiência na capital. As oportunidades apareceram e foram diversas, desde
apenas levar turistas até os jogos no “Itaquerão”, como fazer city tours em São
Paulo e levar um grupo de holandeses para o Rio de Janeiro, onde ficamos
acampados na região do Recreio para que pudessem assistir a um jogo no dia
seguinte no Maracanã.
Terminada a Copa do Mundo tive a oportunidade de levar
turistas ao já citado Museu do Futebol e ao maior estádio privado do Brasil, o
Morumbi, o estádio do amado Tricolor.
E nas minhas andanças pelo mundo, as vezes a trabalho,
outras a lazer, pude conhecer outros estádios em visitas monitoradas como o
Camp Nou, em Barcelona, o Karaiskákis,
em Pireus (Grécia), o Green Point, na Cidade do Cabo (África do Sul) e o
Centenário, em Montevidéo. E fui a jogos nos estádios, Garcilaso, em Cusco, no
Atanasio Girardot, em Medelin, no Alejandro
Serrano Aguilar, em Cuenca e no famoso La Bombonera, em Buenos
Aires, cujo museu também é ótimo.
Devido a minha relação com Santos e a maravilhosa história
do clube que é conhecido mundialmente pelas conquistas da Era Pelé, busquei uma
aproximação e viabilizei entre outras experiências, através da minha agência de
viagens, a ida de torcedores a partir de São Paulo para assistir aos jogos do
Peixe pela Copa Libertadores da América. “Descíamos a serra”, promovendo
conversas, brincadeiras e sorteios durante o trajeto. Voltei a torcer pelo
Santos naqueles momentos!
Aproveitando essa identificação com o futebol criei o
programa Futebol Total, em São Paulo, o Santos do Futebol e o Rota Pelé, o Rei
do Futebol.
E contratado como guia de turismo levei pessoas para jogos
de futebol. Já fui ver o Palmeiras, o Corinthians, já fui com estudantes
americanos no grande clássico Fla x Flu, em um belo domingo no Maracanã e em uma
final de Campeonato Paulista do próprio Santos.
Independentemente do time que torcemos, como guias de
turismo, temos que ser como os jogadores de futebol: vestir a camisa com
determinação e “entrar em campo” para proporcionar um bom espetáculo.

Afinal, é fascinante a história que mostra o futebol como um
esporte inicialmente praticado pela elite branca e que passou a ser um esporte
das massas, onde um negro chamado Pelé se tornou a maior expressão deste
encanto.