sábado, 6 de maio de 2023

Audioguia é novidade para um passeio informativo nos Jardins de Santos

 


Quando se pensa em audioguias talvez grande parte das pessoas vai se lembrar de algum museu onde esta tecnologia estava disponível à venda.


Na entrada daquele museu, a pessoa teria a opção de pagar por um aparelhinho conectado a um fone de ouvido para ouvir, em seu idioma, os detalhes sobre as peças do acervo daquele equipamento turístico.

O princípio é o mesmo, mas atualmente as opções se encontram em muitos novos formatos e em novos ambientes.

Em Santos, por exemplo, antes da pandemia, o Museu do Café oferecia a ferramenta, mas desativou o recurso por precaução de ordem sanitária. Na sala que abriga a exposição de longa duração e que retrata as principais profissões do mercado cafeeiro o visitante podia ouvir, através de fones em pontos fixos, relatos de trabalhadores que desempenhavam aquelas funções.

A primeira iniciativa do poder público na cidade foi implantada em 2021, no Museu Pelé, com um guia de áudio acessado via QR Code, no idioma Português. Posteriormente foi ampliado para os idiomas Inglês e Espanhol.

Recentemente, a Secretaria de Empreendedorismo, Economia Criativa e Turismo implantou no passeio do bonde turístico um guia nos idiomas Inglês e Espanhol e em Libras que complementa as explanações orais dos guias de turismo que ficam no bonde e falam sobre os prédios históricos do centro.


E a última novidade é trazida pela Parceiros do Turismo (agência de passeios que opera city tours e Rotas Temáticas sobre o Pelé, o café e as cervejas artesanais de Santos) com um tour guiado pelos mais importantes monumentos dos Jardins da orla da praia de Santos.

Estreando em Português e com o áudio do guia de turismo Diogo D. F. Lopes, é uma iniciativa em parceria com a startup brasileira Glocal Audioguide e que transmite de forma descontraída, informações relevantes daquele que é o maior jardim de orla de praia do mundo, reconhecido pelo Guiness Book.

O passeio é bem parecido ao que a Parceiros do Turismo realiza em datas agendadas e com a presença
de um guia de turismo. Tem início no bairro do Gonzaga (Praça das Bandeiras) e termina na Ponta da Praia. Entre os assuntos e monumentos abordados estão: Saturnino de Brito, canais de Santos, Emissário Submarino, surf, estátua do leão, curiosidades sobre os jardins, Vicente de Carvalho e prédios tortos.

“Eu indico esse recurso para quem quer conhecer a cidade de forma independente, ou mesmo para quem não pode estar nos dias em que os passeios presenciais são realizados, pois o passeio com um guia e com outras pessoas é sensacional”, comenta Diogo Lopes.


A empresa também aluga bicicletas para viabilizar a diversão de turistas e santistas que querem ter uma nova visão sobre a cidade.

O audioguia está com valor promocional de lançamento: https://app.glocalaudioguide.com/#/product/jardinsdaorladesantos

O aplicativo Glocal Audioguide pode ser baixado via Play Store em aparelhos com sistema Android ou Apple Store nos dispositivos iOS.

Atendimento: 13 997719825 – Parceiro do Turismo

terça-feira, 27 de abril de 2021

O conhecimento gastronômico na rotina do Guia de Turismo.

 


Quando se trata de receber bem o turista, as agências e os guias de turismo, em grande parte dos casos, devem oferecer um tempo para refeições. Isso pode acontecer tanto em passeios curtos de três ou quatro horas, como nos programas longos, que podem durar dias.
Algumas agências determinam quais são estabelecimentos de alimentos e bebidas que serão contemplados no programa negociando previamente os valores e o cardápio. Mas muitas vezes, principalmente em passeios privativos, o guia tem a tarefa de sugerir o restaurante a ser utilizado.
Analisando o perfil dos seus clientes e questionando-os sobre seus desejos, o guia tende a ser assertivo na escolha. É importante saber, por exemplo, se o turista busca um lanche rápido para continuar a programa, ou se gostaria de ter mais tempo para conhecer a culinária local e seus ambientes gastronômicos.
Sua expectativa de gasto também deve ser analisada. Afinal, não é bom que o cliente gaste acima do que poderia ou gostaria, mas também não há satisfação quando as expectativas são grandes e a comida, o serviço ou o ambiente não as atendem.
Falando sobre a capital, certamente o local onde mais levo turistas é o Mercado Municipal. Lá, destaco o restaurante Salada Paulistana e os boxes dos Irmãos Gomes, principalmente pelo bom atendimento. Estes locais oferecem, como em tanto outros os sanduíches de mortadela e os pasteis de bacalhau, os queridinhos do Mercadão.
E como não podemos deixar de comentar, principalmente para estrangeiros, sobre a feijoada como prato de destaque nacional, há dois estabelecimentos que servem todos os dias. O famoso Bolinha, onde dizem que há a melhor feijoada do Brasil e o Consulado Mineiro.
A localização do restaurante pode facilitar a logística do passeio. Neste caso, aproveitando as visitas ao Beco do Batman, conheci o Canto da Madalena, com ótima comida nordestina e decoração marcante. E aproveitando as andanças pelo centro histórico há várias opções como o Bovinu´s da Rua XV de Novembro, para um almoço rápido e de qualidade no sistema “por quilo” e a tradicionalíssima Casa Mathilde, para um cafezinho com um dos inúmeros doces portugueses, como o pastel de nata.
Quando há tempo para o deslocamento a Rua do Pinheiros, por exemplo, é um local com várias opções, assim como a Rua Avanhandava, ótima escolha noturna, principalmente para as massas.
Fogo de Chão e Vento Aragano são boas opções para churrasco no sistema rodízio. Geralmente frequento esses locais levando grupos.

E há vários outros que representam bem a nossa culinária, como Dalva e Dito, Figueira Rubayat, Consulado Baiano e A Mineira. Cito apenas os que me vêm à cabeça.
O conhecimento do guia e sua perspicácia em pesquisar são importantes quando os clientes têm suas necessidades ou preferências relacionadas às restrições alimentares ou suas crenças culturais e religiosas, por exemplo. É o caso de judeus e povos muçulmanos que podem buscar comida kosher ou halal. E mesmo em São Paulo, a capital gastronômica nacional, não é fácil encontrar. Indianos também adoram ir em restaurantes que oferecem suas comidas. Neste caso, adorei o Samosa, no Jardins.


E o mesmo acontece com os chineses. Há boas opções na Liberdade.
Guias de turismo, são colegas que podem dar boas dicas.
Enfim, a decisão da escolha do local para se alimentar é muito importante para a satisfação do turista. Pode ser a doce cereja do bolo ou gerar insatisfação pela inadequação ou mal serviço prestado no local e consequentemente afeta a satisfação geral com relação aos serviços prestados.
Por isso, conhecer uma ampla gama de possibilidades é importante tanto para o guia, quanto para as agências. E a familiaridade com o ambiente e os funcionários ajuda a fluência e a qualidade dos serviços. O guia precisa fazer um bom briefing antes da chegada. Falar como funciona o sistema de atendimento, o que está incluso (se estiver) e estar sempre atento dentro do restaurante para auxiliar no atendimento ou indicar o local dos sanitários, por exemplo.
Somos os últimos a nos acomodar para a refeição. E nesse momento, tem vezes que compartilhamos a mesa com nossos clientes e outras com colegas de trabalho. Mas certamente é um dos melhores momentos do dia!
Guias de turismo são agentes influenciadores. Por isso devem ser bem tratados! Rs

sexta-feira, 12 de junho de 2020

A Nossa Cultura Futebolística





Nem todo o brasileiro gosta de futebol. Mas certamente todos nós sabemos sobre a importância que o esporte tem na nossa sociedade. Inicialmente jogado por trabalhadores das ferrovias inglesas ou por tripulantes de navios, ele foi oficialmente introduzido no Brasil por Charles Muller. O futebol ganhou notoriedade, tornou-se o esporte nacional e o mais popular em todo o mundo.

Como guia de turismo acredito que o Museu do Futebol em São Paulo é o melhor lugar para explorar essa bela história e entender a sua importância. É um local que desconstrói a imagem que podemos ter de um museu pela maneira como é elaborado e gerido. Montado dentro do histórico estádio do Pacaembu, ele possui exposições temporárias com temas interessantes e conectados com a atualidade. Trabalha recursos tecnológicos de multimídia, com interatividade, e acima de tudo, estimula o visitante a estar em contato com as emoções propiciadas pelo futebol. As emoções dos jogadores e de outros profissionais que trabalham com o esporte, mas também as dos torcedores e dos praticantes do futebol, aguçando suas memórias afetivas.

 
Minhas memórias afetivas

Em uma das fotos mais antigas que tenho estou no jardim da praia de Santos, ainda criança, com uma   Logo comecei a brincar nas areias da praia onde cresci jogando futebol. No ambiente praiano as condições climáticas ditam a condição do futebol. Maré, umidade da areia, velocidade do vento e a intensidade do sol fazem cada brincadeira ser única.
bola azul que tinha a imagem de um patinho. Tive aquela bola por muitos anos.

Ainda quando pequeno, na ausência da “redonda”, a bola, a criatividade era a maior aliada para aqueles que queriam “jogar futebol”. Tampinhas de garrafa, latinhas, meias, papel, durex, eram exemplos de matéria prima para a confecção da “bola”. E o jogo tomava novas formas como a “malha”, o “três dentro e três fora”, o “lelezinho” e a “rebatida”. Em Santos, durante a adolescência, criamos o “tablado” similar ao futevôlei, mas em campo reduzido, com uma rede mais baixa e com a possibilidade de a bola tocar no chão. Meus amigos se orgulham por termos criado essa brincadeira difundida a partir da praia do Embaré, onde está o CPE (Centro de Paquera do Embaré), muito frequentado por nós.

Já fui torcedor do Santos e carrego um enorme carinho pelo time. Mas apesar de ter competido jogando futebol de salão pelo clube e de ter conhecido o Pelé, antes de um jogo em plena Vila Belmiro, acabei “virando casaca”, encantado com o futebol que o São Paulo F. C. mostrava no início da década de 90, quando o técnico Telê Santana comandava um time sensacional.
Meu tio Careca, nascido em Santos, foi jogador do extinto Colorado de Curitiba e do Palmeiras, na época do grande Ademir Da Guia. E meu pai foi jornalista, acompanhando o Santos F. C. em jogos amistosos nos Estados Unidos e no Canadá.


Essa paixão e conhecimento sobre o futebol me aproximou do esporte profissionalmente. Não como
jogador, e olha que muitos diziam que eu teria futuro, mas de outras maneiras.


Trabalhando com o futebol

Dois anos antes da Copa do Mundo de 2014 já buscava essa oportunidade e ingressei em uma empresa credenciada como vendedora exclusiva pela FIFA dos ingressos de camarotes. Eu visitava representantes de grandes empresas difundindo a ideia de que ao adquirir o acesso ao grande evento mundial do ano a empresa estaria adquirindo, também, uma grande oportunidade de promover o marketing de relacionamento, tanto com os seus clientes, como com os fornecedores e com os seus colaboradores. Essa foi uma das minhas experiências relacionadas ao turismo e vestido de terno e gravata. Tipo, um “executivo do futebol”.


Mas melhor ainda foi me afastar da empresa e ver que poderia voltar a atuar como guia de turismo e vivenciar o evento de outra maneira. A grande dificuldade estaria em atuar como guia em São Paulo, pois não tinha experiência na capital. As oportunidades apareceram e foram diversas, desde apenas levar turistas até os jogos no “Itaquerão”, como fazer city tours em São Paulo e levar um grupo de holandeses para o Rio de Janeiro, onde ficamos acampados na região do Recreio para que pudessem assistir a um jogo no dia seguinte no Maracanã.

Terminada a Copa do Mundo tive a oportunidade de levar turistas ao já citado Museu do Futebol e ao maior estádio privado do Brasil, o Morumbi, o estádio do amado Tricolor.

E nas minhas andanças pelo mundo, as vezes a trabalho, outras a lazer, pude conhecer outros estádios em visitas monitoradas como o Camp Nou, em Barcelona, o Karaiskákis, em Pireus (Grécia), o Green Point, na Cidade do Cabo (África do Sul) e o Centenário, em Montevidéo. E fui a jogos nos estádios, Garcilaso, em Cusco, no Atanasio Girardot, em Medelin, no Alejandro Serrano Aguilar, em Cuenca e no famoso La Bombonera, em Buenos Aires, cujo museu também é ótimo.


Devido a minha relação com Santos e a maravilhosa história do clube que é conhecido mundialmente pelas conquistas da Era Pelé, busquei uma aproximação e viabilizei entre outras experiências, através da minha agência de viagens, a ida de torcedores a partir de São Paulo para assistir aos jogos do Peixe pela Copa Libertadores da América. “Descíamos a serra”, promovendo conversas, brincadeiras e sorteios durante o trajeto. Voltei a torcer pelo Santos naqueles momentos!

Aproveitando essa identificação com o futebol criei o programa Futebol Total, em São Paulo, o Santos do Futebol e o Rota Pelé, o Rei do Futebol.

E contratado como guia de turismo levei pessoas para jogos de futebol. Já fui ver o Palmeiras, o Corinthians, já fui com estudantes americanos no grande clássico Fla x Flu, em um belo domingo no Maracanã e em uma final de Campeonato Paulista do próprio Santos.

Independentemente do time que torcemos, como guias de turismo, temos que ser como os jogadores de futebol: vestir a camisa com determinação e “entrar em campo” para proporcionar um bom espetáculo.

Enfim, acho importante que o guia de turismo se identifique e conheça bem o conteúdo daquilo que transmite aos seus clientes. Mesmo quando um turista estrangeiro não acompanha o futebol, eu o convido para conhecer um pouco mais sobre o esporte que é tão presente na nossa cultura.

Afinal, é fascinante a história que mostra o futebol como um esporte inicialmente praticado pela elite branca e que passou a ser um esporte das massas, onde um negro chamado Pelé se tornou a maior expressão deste encanto.


domingo, 24 de maio de 2020

Vamos tomar um café?





Vamos tomar um café?

Quando eu era pequeno, em Santos, lembro-me que meu pai não gostava que eu tomasse café. Ele era jornalista e na redação dos jornais tomava muitos cafezinhos. Certo dia ele teve que parar por recomendação médica. O médico deve ter sido tão enfático que ele não queria ver o filho “viciado” pela bebida. Por outro lado, minha mãe sempre tomou café.

Em pesquisas sobre as influências de comidas e bebidas no nosso organismo o café, ora aparece como benéfico por ser um antioxidante, por exemplo, ora como prejudicial a nossa saúde, podendo causar entre outros problemas a gastrite.

Com o passar do tempo entendemos que o importante é a moderação.  E que o café extrapola a questão alimentar.

Vamos “tomar um café”?
Quero dizer: Vamos conversar?



Já adulto, antes de me formar como guia de turismo, acabei desconsiderando de certa maneira a advertência do meu pai. Tomava café. Mas na maioria das vezes com leite e com açúcar.

Passei a trabalhar com turismo receptivo em Santos e ao atuar como guia de turismo levando turistas ao Museu do Café, o atrativo turístico mais visitado por adultos estrangeiros na cidade. E assim, comecei a entender cada vez mais sobre a importância do “ouro verde”, tanto para o desenvolvimento local, como para a história do Brasil.

Aos poucos fui conhecendo histórias e lendas interessantes como a do jovem pastor etíope Kaldi, que descobriu o café graças as suas cabras. Descobri o caminho da planta, desde a África até chegar ao Brasil, trazida da Guiana Francesa, de forma contrabandeada. A sua relação com a escravidão e com o crescimento econômico de São Paulo.

Também aos poucos fui apreciando cada vez mais a bebida sem leite e exclui o açúcar, para poder sentir melhor as suas características. Entendi que um bom café não é amargo. Provei até o mais caro e famoso café brasileiro, o Jacu, inspirado no Kopi Luwak indonésio, por sua vez o mais caro do mundo, por sua característica bem peculiar de produção.


Muitos turistas apreciam fazer uma pausa para o café. Em São Paulo, entre uma caminhada e outra no centro histórico, parar na Casa Mathilde, na cafeteria do prédio do Banco do Brasil ou na do Pateo do Collegio, por exemplo, é uma maneira de descansar o corpo e apreciar a boa bebida. Recarregados de energia continuamos a conhecer a cidade.

Em Santos, inspirado na Rota do Café, estudo realizado pela Secretaria de Turismo, resolvi me especializar no assunto para realizar roteiros temáticos sobre o café. Assim, criei o Rastros e Aromas do Café em Santos. Em um dos roteiros visitamos o Rei do Café, tradicional torrefadora de café, onde em um ambiente rústico e com um atendimento muito especial, os turistas veem e entendem como se dá o processo de torra, tocam no grão, sentem o seu odor e no final provam um café de alta qualidade. O público adora a experiência!

O café é a bebida predileta do brasileiro. Temos grandes profissionais atuando neste mercado. Mas o brasileiro em geral ainda precisa aprender a apreciar e valorizar um bom café.



E o Turismo pode ser um caminho.

Feliz Dia Nacional do Café!

sexta-feira, 22 de maio de 2020

Reflexões sobre o mercado de turismo receptivo na cidade de São Paulo.




Como turismólogo de formação tenho refletido sobre esse momento histórico de pandemia, onde a atividade turística está estagnada. E o objetivo desta publicação é fazer uma breve reflexão sobre as possíveis mudanças que ocorrerão no mercado de turismo receptivo em São Paulo e os caminhos que o mercado pode seguir para buscar uma recuperação.


Uma conclusão óbvia é que o fluxo doméstico retornará primeiramente, já que o fluxo internacional dependerá das aberturas das fronteiras internacionais, das condições sanitárias do nosso país, do nosso Estado e da nossa cidade; e a consequente motivação que os estrangeiros terão para visitar o Brasil.

Neste contexto a preocupação com saúde pessoal certamente será a prioridade do viajante. E consequentemente os serviços privativos tendem a ser mais procurados, pois não geram aglomerações como o turismo realizado em grupo. É importante lembrar que os gestores do município também poderão impor controles e regras para receber turistas, tanto de turistas que viajam por conta própria, ou que contratam serviços privativos ou compartilhados, junto a agências de viagens.

Esse controle sanitário pode incentivar a exigência da contratação de agências legalizadas e não os “piratas do turismo”, que executam serviços de forma ilegal, insegura e de baixa qualidade. Assim, a crise pode ser uma oportunidade para sanarmos este grande problema que é a ilegalidade, e que de certa forma dificulta o crescimento e o desenvolvimento das empresas de turismo que pagam impostos e que buscam pelo menos o mínimo de qualidade de serviços, colocando a disposição, por exemplo, transportes de qualidade, e guias de turismo credenciados.
 
Uma interessante novidade é a criação do programa Turista Protegido, pelo Ministério do Turismo. O mesmo divulga que o “selo vai reconhecer estabelecimentos do setor que seguem boas práticas de biossegurança contra o novo Coronavírus. O programa busca chancelar as atividades turísticas que assegurarem o cumprimento de, por exemplo, requisitos de higiene e limpeza para prevenção da Covid-19.” (Site Ministério do Turismo)

Assim, o registro junto ao Cadastur pode ser mais valorizado por todos, o que será um avanço, se o Ministério do Turismo tiver uma considerável melhoria na fiscalização, quase nula até então.

O fluxo doméstico pode sofrer algumas outras alterações. Os turistas com maior poder aquisitivo ao estarem impossibilitados de viajar ao exterior farão suas viagens internamente e os destinos que estiverem melhor posicionados poderão se beneficiar disso. Um bom posicionamento turístico pode ser traduzido em boa infraestrutura turística, e de apoio ao turismo, da oferta de produtos turísticos e da qualidade dos serviços, onde a capacitação profissional é essencial.

O tempo de estada do turista doméstico que virá para São Paulo tende a aumentar, tendo em vista que receberemos pessoas provenientes de origens mais distantes.


E o que São Paulo tem a oferecer?

São Paulo apresentava números crescentes no fluxo de turistas, antes da pandemia. E uma fonte importante de informações está em: http://www.observatoriodoturismo.com.br/

A cidade vem sendo descoberta como um destino muito interessante para os próprios brasileiros. As pessoas estão cada vez mais interessadas na parte cultural que a cidade oferece, através dos seus museus, dos seus eventos, da gastronomia, e da sua vida noturna. É claro que a área cultural também sofre as consequências da pandemia.

No entanto, São Paulo, forte em turismo de negócios que também sofrerá bastante com a crise, tem muitas outras vertentes do Turismo ainda pouco aproveitadas. Entre elas o turismo ecológico e o turismo de base comunitária, onde a comunidade controla a sua execução. Mas, mais uma vez o turismo deve ser realizado de forma cuidadosa para não trazer problemas para os residentes destes locais.

Dentre vários roteiros temáticos que podem ser ainda mais incrementados e comercializados, temos passeios com guias de turismo especializados em arquitetura, arte grafite, religião, visita a comunidades urbanas ou rurais, imigração, em comunidades com perfis étnicos (indígena, quilombola) e até mesmo visita a túmulos. A imaginação não tem limites!


 São Paulo também pode ser ponto de partida para inúmeros destinos interessantes como a histórica Baixada Santista e todo o belo litoral paulista, como outras do interior como como Campos do Jordão (a cidade mais alta do país) e diversos outros destinos que tendem a ser mais visitadas se organizarem produtos turísticos de forma regional, como circuitos turísticos que envolvem a visitação em mais de uma cidade. A lista de locais que poderiam ser visitadas em uma “bate e volta” seria gigante.


Enfim, acredito que apesar das incertezas e dificuldades daquilo que estamos chamando de “o novo normal”, com menor fluxo de turistas a curto e médio prazo e com os novos hábitos que estão sendo adotados, cabe ao mercado de turismo se adaptar, mas acima de tudo aproveitar a oportunidade para ajudar a criar esse novo cenário.

Profissionalismo, legalidade e segurança devem ser as palavras de ordem para que a atividade não somente retome sua sustentabilidade econômica, mas que também resulte em maior desenvolvimento social e ambiental.

Tenho certeza que as pessoas estão loucas para viajar e acredito que valorizarão mais o turismo.

Este é o momento de trabalharmos em parceria para potencializarmos os benefícios de um Turismo inteligente.

domingo, 10 de maio de 2020

Dia Nacional do Guia de Turismo 2020




Dia Nacional do Guia de Turismo
O melhor presente é a sua valorização.



Muitas vezes, no imaginário das pessoas um turista estrangeiro seria representado por uma pessoa de camisa florida e com chapéu. É quase uma caricatura. Assim como a representação do ato de viajar pode ser representado com um avião contornado o globo terrestre.

E o guia de turismo? Talvez você o imaginaria dentro de um ônibus, falando no microfone, apontando os locais turísticos e transmitindo informações. Enquanto os turistas estariam olhando pela janela. Ele diria:

- A sua direita o Museu do Café, prédio inaugurado em 1922 na comemoração dos cem anos da Independência do Brasil. Tem estilo eclético e foi planejado para ser imponente e   transmitir a força do mercado cafeeiro e atrair investimentos para o estado de São Paulo.
Mas será que essa imagem é limitada? Não o restringe a um profissional que decora uma fala e simplesmente a transmite ao público? Neste caso, uma gravação poderia substituir o seu trabalho, certo?

Eu diria que o guia de turismo tem um serviço muito mais complexo. Primeiramente, ele estuda um curso específico para tirar um certificado emitido pelo Ministério do Turismo. O guia de turismo deve sempre portar essa credencial exposta no peito.

Complementa regularmente seus estudos por conta própria e precisa estar sempre atualizado com relação ao que está acontecendo no local a ser visitado. A sua própria cidade, quando falamos em turismo receptivo ou atento às informações necessárias quando leva turistas para diversos outros destinos turísticos dentro do estado, a nível nacional ou internacional, quando falamos de turismo emissivo.

Um guia torna-se mais completo e com maiores oportunidades quando fala um segundo idioma. E mais ainda quando fala alguns deles. Imagine então quando a língua é difícil como o chinês, o japonês ou o árabe. Aí sim, o guia é supervalorizado.

Hoje em dia há guias de turismo que desenvolvem serviços sem a utilização de um veículo. Os walking tours (passeios a pé), por exemplo. Outras vezes atuam em vans, micro ônibus ou ônibus. Há aqueles que realizam um serviço bem exclusivo no qual dirigem o próprio carro. É o chamado driver-guide. Aliás, uma tendência que se opõe ao turismo de massa.

É importante que o profissional seja um pouco generalista. Ou seja, que ele saiba um pouquinho de vários aspectos sobre a localidade visitada. Afinal, nunca se sabe que tipo de pergunta um turista pode fazer. Mas também um pouco sobre a região o Brasil, seus aspectos políticos, históricos, geográficos, culturais e econômicos. Saber um pouco sobre os locais de origem dos próprios turistas pode ser uma carta na manga e criar um vínculo afetivo.

No entanto, muitos se especializam de acordo com o perfil do turista ou do “produto” que foi vendido. O turista pode estar a lazer ou a negócios. Pode ser caracterizado pela sua faixa etária (crianças ou idosos, por exemplo), pelo seu perfil econômico (turismo social, turismo de luxo) ou por diversas outras características e preferências. Já o produto turístico pode ser temático. Ecoturismo, turismo religioso, rural, compras, histórico-cultural são alguns exemplos.

Em lugares como Rio de Janeiro e São Paulo é comum encontrarmos guias que desenvolvem roteiros relacionados a arquitetura, arte grafite, cicloturismo, gastronomia.

Um mundo de possibilidades!

Ao mesmo tempo, o guia deve zelar pela segurança dos seus clientes. Deve ter noções de primeiros socorros, deve saber como melhor proceder em emergências médicas e deve saber onde levar o turista para minimizar todos os riscos que podem ser encontrados em uma cidade, ou até mesmo em uma área natural. Atravessar uma rua com um grupo deve ser feito de maneira correta para evitar acidentes.

Um pouco de percepção e psicologia também podem ser importantes. Deve-se interpretar o gosto e o comportamento das pessoas. Isso pode minimizar conflitos e garantir a satisfação de maior parte dos participantes. Afinal, é muito difícil agradar a todos.

Calma! Não é só isso. O guia deve ser educado, atencioso, ter boa dicção e porque não ser engraçado? Alguns guias podem pecar por falar demais ou transmitir um conteúdo informativo que não é interessante ao seu público. E quem não quer se divertir? Dar risadas?

Geralmente contratado por uma agência de turismo ele é a “imagem” da empresa e por isso deve saber representá-la.

Um bom guia de turismo estará atento para propiciar ao turista explorar os seus sentidos. Ele poderá te levar a lugares surpreendentes, te mostrar o peculiar gosto de uma comida típica, te atentar para que ouça o canto de um diferente pássaro, te indicar um lugar para dar um refrescante mergulho ou uma boa opção noturna.

Ele certamente te indicará um local para que compre uma lembrança e assim poder incentivar o artesão local e estimular a cadeia produtiva.

Formador de opinião, anfitrião do turismo e protetor do meio ambiente.

Hoje é dia nacional dos guias de turismo.

E o melhor presente é a sua valorização.

sexta-feira, 1 de maio de 2020

Uma reflexão sobre o meu trabalho como Guia de Turismo receptivo.





Criei este blog com o objetivo inicial de divulgar meus relatos de viagens como profissional de turismo.

Ampliei a abordagem relatando viagens a lazer como  a Cuba, Colômbia e África do Sul.

E então decidi aproveitar o espaço para fazer reflexões sobre o Turismo como um todo.

Nesta postagem faço uma reflexão sobre a minha atuação mais recente, desde 2014, atuando com o turismo receptivo, que é uma área tão importante para o nosso país, mas que é tão desconhecida e ainda tão pouco valorizada.


Uma reflexão sobre o meu trabalho como Guia de Turismo receptivo.


Sou Bacharel em Turismo e atuo como guia de turismo receptivo na capital, São Paulo, e em outros destinos como Santos, Guarujá, Embu das Artes e Campos do Jordão.

Iniciei meus serviços como guia de turismo em Santos em 2005, dois anos depois de voltar da Austrália onde fiquei por aproximadamente por um ano para aprender Inglês. Neste intervalo fui promotor de vendas de passeios em Santos no Terminal Turístico de Passageiros, o Concais. Abordava estrangeiros mostrando mapas para entenderem a localização dos atrativos da cidade e vendia city tours. 

Durante este período fiz um curso técnico para obter a credencial de guia de turismo pela Embratur (hoje Ministério do Turismo).

Passei a atuar em  outras áreas do turismo como hotelaria, seguros de viagem, cruzeiros marítimos (quatro contratos), intercâmbios e eventos.

Em 2014, quase dez anos depois, aproveitei a grande oportunidade de atuar em São Paulo como guia de turismo para a Copa do Mundo de Futebol. A experiência foi excelente e me motivou para me desenvolver nessa função, permanecer como autônomo e abrir a Parceiros do Turismo, uma agência focada em turismo receptivo. 

Estamos em 2020 e mesmo passando por esse momento histórico de pandemia, onde a atividade turística está estagnada, tenho a certeza que o nosso trabalho não vai se encerrar. Algumas mudanças ocorrerão, mas acredito que o turismo será ainda mais valorizado. Acredito que turismo de massa tende a esfriar, enquanto o turismo mais personalizado tende a crescer.  

Dispostos a pagar o valor deste tipo de serviço meus clientes são em grande maioria estrangeiros, pois atendo nos idiomas inglês e espanhol. Com eles realizo principalmente city tours, contratado por diversas agências de viagens. Mas também atendo pela minha própria agência, mencionada anteriormente.

Em um city tour convencional geralmente contratado por turistas que estarão no destino turístico pela primeira vez há alguns atrativos turísticos que praticamente são impossíveis de serem excluídos. Imagine fazer um tour por Paris e não ver a Torre Eiffel? Ir ao Rio de Janeiro e não ver a estátua do Cristo Redentor? Em Santos Monte Serrat e Museu do Café são locais imperdíveis.

Em São Paulo nunca deixo de pelo menos passar pelo centro histórico, marco de fundação da cidade, mesmo com os problemas sociais que saltam aos olhos. É impactante ver tantas pessoas morando na rua. Alguns guias tentam esconder essas mazelas sociais. Mas eu acho importante que o turismo seja realizado sem filtros. Que seja uma ferramenta que pode transmitir a realidade do local. E com ela fazer com que turistas reflitam sobre a nossa sociedade. 

Também em São Paulo descobri um tipo de serviço interessante chamado driver-guide ou motor-guide (o guia de turismo que dirige o próprio carro). Inicialmente trabalhei com um carro sedan, mas parti para uma minivan para ter maior capacidade de atendimento. Nesses passeios privativos, gosto de definir o roteiro e os locais de visitação junto com os clientes e de acordo com as suas preferências. A primeira coisa que faço ao me apresentar é saber se é a primeira vez na cidade. E quando a resposta é positiva pergunto se já fizeram alguma pesquisa e se querem conhecer algum lugar em específico.

Mas na maioria da vezes é a primeira vez, E eles dizem: 

- Você é quem manda. Nós confiamos em você! 

Mas ainda assim acho importante interpretar as expectativas, os desejos, ou até mesmo as limitações ou restrições dos turistas, antes do início do serviço. Assim, a satisfação pode ser alcançada com mais êxito.

Uns estão focados em tirar belas fotos, outros na interação com as pessoas. Alguns têm limites físicos, outros adoram caminhar.  Há aqueles que querem conhecer mais a fundo na história, outros preferem ouvir curiosidades ou até mesmo lendas urbanas. Há aqueles que querem provar a comida local, enquanto que outros buscam restaurantes onde possam encontrar a sua própria tradição culinária.

Quando possível, acho importante que o guia não se prenda a um roteiro. Ao deixar com o que o passeio flua, o inesperado pode acontecer com maior facilidade. E muitas vezes isso é o mais interessante. A experiência mais autêntica.

À medida que fui entendendo o mercado de turismo receptivo em São Paulo e conhecendo outros profissionais achei importante seguir uma tendência: a especialização de acordo com os diferentes públicos ou temas. Arquitetura, grafite, túmulos, arte, favelas, comunidades indígenas, imigrantes. São Paulo tem tantos assuntos e temas a serem abordados.

Por isso, decidi aproveitar meus gostos pessoais. Criei programas turísticos relacionados ao futebol, a degustação de cervejas artesanais e a história do café no Brasil. 

Apesar de atuar predominantemente em São Paulo entendo que Santos é um destino pouco desenvolvido profissionalmente, mas com um potencial gigantesco. 

Voltando a minha atuação como guia tento me colocar no lugar do turista. Quando estou em viagem busco em primeiro lugar a diversão. Também quero sentir-me a vontade, seguro e utilizando bem o meu tempo. E não tenho dúvidas que ao contratar um guia de turismo que transmita informações interessantes, que me enriqueçam culturalmente, a minha experiência turística será potencializada.

Então, como guia de turismo tento ser este elo potencializador da boa experiência turística.

Aprendo muito com os turistas pois transmito informações sem deixar de perguntar sobre suas vidas e pedir que emitam opiniões sobre vários assuntos.

Tenho fé de que o turismo nunca deixará de existir pois renova o ser humano ao colocá-lo em contato com outras culturas. Com outras formas de ver e viver a vida. Isso nos faz entender a importância do respeito as pessoas e as diversidades culturais.

quarta-feira, 15 de abril de 2020

Não há vacina para o Turismo!


Não há vacina para o Turismo!



SOS Aide Cry For Help On écrite Sable Plage Banque D'Images Et ...


O Turismo é uma atividade relativamente nova se compararmos com outras na história da humanidade.

Por mais que os gestores do Turismo avaliem os riscos para o bom desenvolvimento dela existem ameaças que fogem da capacidade de previsão.

Ocorreu em 2001 com o atentado terrorista a Nova Iorque e, agora, com o avanço da COVID-19.

Sentimos as consequências do primeiro incidente até hoje, tanto na vida cotidiana das pessoas, como na atividade turística. Como exemplo, vivenciamos o enrijecimento das leis de segurança pelas mudanças das rotinas em aeroportos e portos.

A rápida disseminação dessa nova pandemia é o fator mais alarmante e o que inspira maiores cuidados.

Como profissional autônomo e microempresário na área de turismo receptivo desde 1998 nunca tinha vivido algo semelhante. Se em 2001 o Turismo internacional sofreu grandes baixas, mas sendo possível atuar no mercado nacional, em 2020 ele parou em todos os âmbitos.

Os impactos econômicos e sociais são preocupantes! No entanto, acredito que a maior prioridade é a de preservarmos vidas, e seguirmos as orientações da Organização Mundial da Saúde, a maior referência para o assunto.

O momento é de precaução, por tratar da saúde das pessoas (viajantes, profissionais de turismo e os habitantes da localidade turística) e de cautela quanto a realização de estimativas sobre quais serão os reais impactos para a nossa sociedade. Há de se ter em conta que se não mudássemos nossas atitudes tudo indica que as consequências seriam ainda piores.

O Turismo é uma atividade que só ocorre com o deslocamento de pessoas e é evidente que a retomada de suas atividades contribuiria para a disseminação da doença.

A volta do Turismo dependerá de um ambiente de confiança, para seja plena e sustentável, socialmente e economicamente. O pensamento a longo prazo é o melhor horizonte.

Já, a curto prazo, para minimizar os impactos, é de fundamental importância o trabalho que as instituições relacionadas ao turismo (conventions bureaus, sindicatos de guias de turismo, associações de agências de viagens e turismo, por exemplo) vêm fazendo ao reivindicarem junto ao governo federal os auxílios financeiros necessários aos trabalhadores e aos empresários do nosso setor.

Entendo que os destinos que adotarem as melhores medidas para conter a disseminação da doença e zelarem pela saúde da sua população serão aqueles que, primeiro estarão preparados para o retorno da normalidade e consequentemente, atrairão os turistas.

E essas localidades terão a retomada de maneira mais forte se aproveitarem este tempo de reclusão para estabelecerem novos rumos estratégicos em promoção e parcerias, por exemplo.

Todos esperamos que essa normalidade seja reestabelecida o mais rápido possível, para voltarmos a receber, turistas nacionais e internacionais, felizes por praticarem essa engrandecedora atividade que é viajar.

Precisamos escolher os melhores remédios, já que não há vacinas que evitem os incidentes que impactam o Turismo.

sexta-feira, 13 de março de 2020

Agroturismo focado em negócios, com Dinamarqueses.



Agroturismo focado em negócios, com Dinamarqueses.



Como havia escrito na página da minha agência de turismo, a Parceiros do Turismo, no Facebook https://www.facebook.com/parceirosdoturismo/ trabalhar como guia de turismo, além de ser gratificante gera desafios e oportunidades bem diferentes como, por exemplo, acompanhar um roteiro religioso na Europa ou realizar uma visita em uma favela no Rio de Janeiro.

Neste início de ano pude ter mais uma dessas memoráveis experiências. Fui convidado por um colega, também guia de turismo, para acompanhar um grupo de quinze dinamarqueses em um roteiro com foco em agronegócios, a partir de São Paulo até Foz do Iguaçu.

Já havia recebido grupos que vieram ao Brasil com objetivos similares, mas me restringia a atende-los em São Paulo onde iniciavam a sua viagem.

Assim, diante da oportunidade de acompanhar o grupo fiz alguns ajustes na minha agenda e topei o desafio, entendendo que me foi confiada uma importante missão.

Roteiro:
Dia 1 – São Paulo
Dia 2 – São Paulo e Santos
Dia 3 – Santos, Avaré e Ourinhos.
Dia 4 – Ourinhos, Cornélio Procópio e Londrina.
Dia 5 – Londrina, Cambé, Santa Mariana e Ponta Grossa.
Dia 6 – Ponta Grossa, Carambeí e Cascavel.
Dia 7 – Cascavel, Santa Tereza do Oeste e Foz do Iguaçu.
Dia 8 – Foz do Iguaçu.

Ao escrever este relato busquei entender qual seria a melhor definição para este tipo de turismo. E entendo que “turismo rural” ou “agroturismo” não poderiam ser aplicados pois esses termos são utilizados para denominar um turismo onde os viajantes que vivem em cidades buscam conhecer e vivenciar o modo de vida das famílias de agricultores.

Certamente este não era o caso. Os dinamarqueses eram fazendeiros interessados em fazer visitas técnicas em propriedades rurais com produção agrícola e pecuária para entenderem quais eram as práticas utilizadas no nosso país e buscando novos conhecimentos para otimização dos seus negócios na Dinamarca. 

 
O Desafio
Entendi que aquele seria um desafio por não conhecer a grande maioria dos locais onde passaríamos, por não ter tanta experiência em viajar com grupos, mas principalmente por saber que em algum momento teria que traduzir ao Inglês informações e termos específicos da área agronômica que não eram do meu domínio. E realmente durante o percurso me deparei com essa dificuldade. Mas com jogo de cintura e com a compreensão dos clientes essa dificuldade foi superada.

Passei a fazer anotações para memorizar alguns termos muito utilizados no agronegócio como:
Livestock – pecuária
Yield – rendimento
Silage – silagem (alimentos)
Milking – ordenha
Crop – cultivo
Poultry – ave doméstica
No tillage – plantio direto

O Nosso Agronegócio
Foi interessante conhecer alguns números e características da nossa produção. O Brasil é o maior produtor mundial de café, soja, açúcar e suco de laranja. Está entre os maiores na produção de milho, algodão e carnes. A produção agropecuária é superior a 20% do PIB brasileiro, tem impacto positivo na balança comercial e grande importância para a suprir a demanda mundial de alimentos. Ou seja, é imprescindível para alavancar a economia do país, que não anda bem das pernas.

A grande novidade para mim foi conhecer o “sistema de plantio direto”. Essa técnica foi desenvolvida a partir de uma nova prática, o de “semeadura direta”, oriunda dos Estados Unidos e Inglaterra, onde substitui-se as arações, escarificações e gradagens pela introdução de sementes ou partes de plantas específicas. A técnica foi aprimorada com a melhor preparação da área de cultivo “de maneira que seja possível manutenção permanente da cobertura do solo e diversificação de espécies, via rotação e/ou consorciação de culturas.”

Resumindo, essa técnica resultou na “minimização ou supressão do intervalo de tempo entre colheita e semeadura, prática relevante para elevar o número de safras por ano agrícola e construir e/ou manter solo fértil.” Essa atual abordagem, foi responsável pela viabilização das chamadas "safrinhas" e, em decorrência, pelo relevante incremento de produção de grãos do país, sem o equivalente aumento de área cultivada.
Fonte: AGEITEC (Agência Embrapa de Informação Tecnológica).

Interessante também ver, em uma das visitas, como os estudos para o “melhoramento genético” vegetal e animal estão crescendo no Brasil através da seleção artificial, conduzidas por seres humanos, visando principalmente maior produtividade.


E introdução de alimentos transgênicos (com modificações nos DNAs) como a soja que entrou no Brasil vinda da Argentina, pelo Rio Grande do Sul, antes da sua “liberação” pelo governo de Lula, também é um assunto que tive conhecimento e que merece atenção.
Tudo indica que estas práticas podem ter efeitos colaterais negativos a longo prazo.

Por coincidência eu estava terminando um livro sobre a vida da Marina da Silva, ex Ministra do Ambiente, que já defendia a necessidade de um amplo debate em torno dessas práticas. Europa e Japão ainda impõem restrições a produção de alimentos transgênicos.
Outra observação é que ao conversar com alguns agricultores, a maior parte se declara favorável ao governo atual, de Jair Bolsonaro que parece adotar políticas que parecem favorecer o crescimento do agronegócio.

Na minha opinião o crescimento deve vir com precaução. O aumento da produtividade de maneira equilibrada e inteligente propiciaria a contenção da recente aceleração do desmatamento das florestas, que ao serem conservadas, podem ser ainda mais rentáveis do que o agronegócio.

Os Dinamarqueses.
Atuando como guia de turismo avalio que foi muito gratificante estar com esse grupo de fazendeiros. 

Eles não reclamaram de nenhum serviço ruim e após termos diversos horários a serem cumpridos foi surpreendente não termos nenhum atraso nos horários estabelecidos.

Alguns não falavam inglês, e também por isso, após cada visita Torben, dentro do ônibus, o líder do grupo, lia as anotações que tinha feito resumindo as informações coletadas e as suas análises. Logo, passava o microfone para que cada um fizesse seus comentários. Escutei muito eles conversando em dinamarquês.

Eles faziam comparações entre os dois países analisando o valor da terra, as características climáticas, os ambientes de negócio e as especificidades da produção, por exemplo.

Entre eles estavam produtores de suínos, de gados de corte e leiteiros e produtores agrícolas como a beterraba (de onde é extraído o açúcar).

No final de cada visita davam aos anfitriões um porta velas, tradicional da região onde moravam.

E no final de toda a viagem fizeram questão de realizar uma mini cerimônia de agradecimento a mim com elogios ao meu desempenho ao antecipar com horas as questões para viabilizar em 100% os detalhes operacionais e ao buscar soluções rápidas e inteligentes para algo que precisaria ser solucionado ou decidido. Deram uma boa “caixinha”.

Finalizando
A agenda foi bem repleta de atividades. Dormimos em sete hotéis. E tivemos oito visitas técnicas / reuniões.

Em Foz do Iguaçu já tivemos uma programação voltada ao lazer. Foi marcante o sobrevoo de helicóptero na Cataratas e a visita, no último dia,  a hidroelétrica de Itaipu.

Entendo que este tipo de turismo focado em agronegócios ainda crescerá muito no Brasil em virtude no nosso posicionamento como um dos líderes mundiais. Por isso, fiquei grato pela oportunidade de aprender um pouco sobre este vasto campo do conhecimento e desejo agregar cada vez mais conhecimento para poder prover um serviço cada vez melhor.

E agradeço ao Zeca Nunes pelo convite e pela confiança!