Vamos tomar um café?
Quando eu era pequeno, em Santos, lembro-me que meu pai não
gostava que eu tomasse café. Ele era jornalista e na redação dos jornais tomava
muitos cafezinhos. Certo dia ele teve que parar por recomendação médica. O
médico deve ter sido tão enfático que ele não queria ver o filho “viciado” pela
bebida. Por outro lado, minha mãe sempre tomou café.
Em pesquisas sobre as influências de comidas e bebidas no
nosso organismo o café, ora aparece como benéfico por ser um antioxidante, por
exemplo, ora como prejudicial a nossa saúde, podendo causar entre outros
problemas a gastrite.
Com o passar do tempo entendemos que o importante é a
moderação. E que o café extrapola a
questão alimentar.
Vamos “tomar um café”?
Quero dizer: Vamos conversar?
Já adulto, antes de me formar como guia de turismo, acabei
desconsiderando de certa maneira a advertência do meu pai. Tomava café. Mas na
maioria das vezes com leite e com açúcar.
Passei a trabalhar com turismo receptivo em Santos e ao atuar
como guia de turismo levando turistas ao Museu do Café, o atrativo turístico
mais visitado por adultos estrangeiros na cidade. E assim, comecei a entender cada
vez mais sobre a importância do “ouro verde”, tanto para o desenvolvimento local,
como para a história do Brasil.
Aos poucos fui conhecendo histórias e lendas interessantes como
a do jovem pastor etíope Kaldi, que descobriu o café graças as suas cabras.
Descobri o caminho da planta, desde a África até chegar ao Brasil, trazida da
Guiana Francesa, de forma contrabandeada. A sua relação com a escravidão e com
o crescimento econômico de São Paulo.
Também aos poucos fui apreciando cada vez mais a bebida sem
leite e exclui o açúcar, para poder sentir melhor as suas características.
Entendi que um bom café não é amargo. Provei até o mais caro e famoso café
brasileiro, o Jacu, inspirado no Kopi Luwak indonésio, por sua vez o mais caro
do mundo, por sua característica bem peculiar de produção.
Muitos turistas apreciam fazer uma pausa para o café. Em São
Paulo, entre uma caminhada e outra no centro histórico, parar na Casa Mathilde,
na cafeteria do prédio do Banco do Brasil ou na do Pateo do Collegio, por
exemplo, é uma maneira de descansar o corpo e apreciar a boa bebida.
Recarregados de energia continuamos a conhecer a cidade.
Em Santos, inspirado na Rota do Café, estudo realizado pela
Secretaria de Turismo, resolvi me especializar no assunto para realizar
roteiros temáticos sobre o café. Assim, criei o Rastros e Aromas do Café em
Santos. Em um dos roteiros visitamos o Rei do Café, tradicional torrefadora de
café, onde em um ambiente rústico e com um atendimento muito especial, os
turistas veem e entendem como se dá o processo de torra, tocam no grão, sentem
o seu odor e no final provam um café de alta qualidade. O público adora a
experiência!
O café é a bebida predileta do brasileiro. Temos grandes
profissionais atuando neste mercado. Mas o brasileiro em geral ainda precisa
aprender a apreciar e valorizar um bom café.
E o Turismo pode ser um caminho.
Feliz Dia Nacional do Café!
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